sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Livro sobre Exu causa guerra santa em escola municipal

Professora umbandista diz que foi proibida de dar aulas em unidade de Macaé, dirigida por diretora evangélica

POR RICARDO ALBUQUERQUE, RIO DE JANEIRO Rio - As aulas de Literatura Brasileira sobre o livro ‘Lendas de Exu’, de Adilson Martins, se transformaram em batalha religiosa, travada dentro de uma escola pública. A professora Maria Cristina Marques, 48 anos, conta que foi proibida de dar aulas após usar a obra, recomendada pelo Ministério da Educação (MEC). Ela entrou com notícia-crime no Ministério Público, por se sentir vítima de intolerância religiosa.


Maria é umbandista e a diretora da escola, evangélica. A polêmica arde na Escola Municipal Pedro Adami, em Macaé, a 192 km do Rio, onde Maria Cristina dá aulas de Literatura Brasileira e Redação. A Secretaria de Educação de lá abriu sindicância e, como não houve acordo entre as partes, encaminhou o caso à Procuradoria-Geral de Macaé, que tem até sexta-feira para emitir parecer.


Em nota, a secretaria informou que “a professora envolvida está em seu ambiente de trabalho, lecionando junto aos alunos de sua instituição”.A professora confirmou ontem que voltou a lecionar. “Voltei, mas fui proibida até por mães de alunos, que são evangélicas, de dar aula sobre a África. Algumas disseram que estava usando a religião para fazer magia negra e comercializar os órgãos das crianças. Me acusaram de fazer apologia do diabo!”, contou Maria Cristina.


Sacerdotisa de Umbanda, a professora se disse vítima de perseguição: “Há sete anos trabalho na escola e nunca passei por tanta humilhação. Até um provérbio bíblico foi colocado na sala de professores, me acusando de mentirosa”. Negro, pós-graduado em ensino da História e Cultura Africana e Afro-Brasileira, o diretor-adjunto Sebastião Carlos Menezes aguardará a conclusão da procuradoria para opinar. “Só posso lhe adiantar que a verdade vai prevalecer”, comentou. Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, Sebastião contou que a diretora Mery Lice da Silva Oliveira é evangélica da Igreja Batista.


ATÉ CINCO ANOS DE PRISÃO


“Se houver preconceito de religião, acredito que deva ser aplicado todo o rigor da lei”, afirmou o coordenador de Direitos Humanos do Ministério Público (MP), Marcos Kac. O crime de intolerância religiosa prevê reclusão de até 5 anos. Em caso de injúria, a pena varia de 3 meses a 2 anos de prisão. O MP poderá entrar com ação pública penal se comprovar a intolerância religiosa.


“Caso contrário envia à delegacia para inquérito”, explicou Kac.Alunos do 7º ano leram a obra: referências ao folcloreEm 180 páginas, o livro ‘Lendas de Exu’, da Editora Pallas, traz informações sobre uma das principais divindades da cultura afro-brasileira. O autor da obra, Adilson Martins, remete ao folclórico Saci Pererê para explicar as traquinagens e armações de Exu. Na introdução, Martins diz que ele é “um herói como tantos outros que você conhece”. Em Macaé, 35 alunos do 7º ano do Ensino Fundamental leram o livro.


Nas religiões afro-brasileiras, Exu é o mensageiro entre o céu e a terra, com liberdade para circular nas duas esferas. Por isso, algumas pessoas acabam o relacionando a Lúcifer.O presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, Ivanir dos Santos, garantiu que outros autores de livros, como Jorge Amado e Machado de Assis, sofrem discriminação nas escolas:


“As ideias neopentecostais vêm crescendo muito, desrespeitando a lei”. Ivanir explicou que o avanço da discriminação religiosa provocou o agendamento de um encontro, dia 12 de novembro, com a CNBB: “Objetivo é formar uma mesa histórica sobre os cultos afro e estabelecer uma agenda comum”.


VIVA VOZ


Até mães de alunos me proibiram de falar sobre a África. “Acusam-me de dar aula de religião. Não é verdade. No livro ‘Lendas de Exu’, de Adilson Martins, há histórias interessantes, são ótimas para trabalhar com os alunos. Li os contos, como se fosse uma contadora de histórias, dramatizando cada uma delas. Praticamos Gramática, e os alunos ilustraram as histórias de acordo com a imaginação deles. Não dá para entender por que fui tão humilhada. Até mães de alunos, evangélicas, me proibiram de falar sobre a África”.


MARIA CRISTINA MARQUES, professora, 48 anos


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Defumação


Falar em defumação, para mim, é lembrar dos saudosos amigos Bruno e Fumaça. Em homenagem a eles, que resolvi postar este texto extraido do blog http://umbandabrasileira.wordpress.com/. Espero que gostem.


Defumação


Defumação é um processo ativo de exercício de mediunidade e por isso deve ser tratado com muito cuidado.

Todo local onde se vive, seja um templo, sua casa ou local de trabalho, pode e deve ser defumado.
A Casa onde se mora principalmente, ainda mais se se é uma pessoa que trabalha com a espiritualidade do santo, e que mantém em casa suas firmezas ou mesmo os seus instrumentos litúrgicos.


Todo mundo que tem “luz” própria ou que tem em si ou sua casa um local de concentração de energia, acaba sendo um atrativo para as inúmeras almas perdidas que existem vagando pela terra. Assim, ao defumarmos, nem sempre estamos tratando de afastar demandas contra nós, mas também de manter o equilíbrio de nossa própria casa.

Qualquer pessoa com ou sem uma mediunidade ativa, pode perceber quando ha uma alteração no ambiente e nesses casos deve se recorrer a uma defumação. No caso de terreiros e casas de santo, onde tudo isso é mais grave ainda, ou melhor mais intenso, o início de cada sessão de trabalho deve ser precedido de uma defumação.

Considero que defumar não é um processo formal ou ordinário e sim uma liturgia e quem defuma algum lugar sempre deve se preparar porque vai estar absorvendo também as energias negativas do lugar, como um para-raio, ou um “aspirador de pó”.

Desta forma para executar essa liturgia é necessário alguma maturidade na magia, conhecimento e também procedimentos de preparação e auto-limpeza que para quem faz vai mais além do que o ato de defumar.

Em termos da maturidade na magia significa uma sintonia com os mestres e entidades que trabalham junto com ele. O conhecimento diz respeito ao método de fazer e elementos a serem utilizados tanto no defumador ou defumadores como também em procedimentos complementares.

Em termos de finalidade, o processo de defumação pode ser feito para retirar, ou seja queimar, a energia ruim como também preencher com energia boa. Geralmente quando se encontra um ambiente carregado usa-se um ou mais defumadores de limpeza, que irão “queimar” ou esterilizar as energia ruins.

Depois do ambiente ruim faz-se uma nova defumação com um outro defumador “doce” que irá preencher o ambiente com a energia que se quer deixar evitando assim um vazio que é a oportunidade para coisas indesejadas ou mesmo um ambiente estéril e que não traga conforto aosocupantes do lugar.

No caso de terreiros ou casas de trabalho é similar. É comum se defumar mais de uma vez ao longo do dia de maneira a garantir a limpeza astral do lugar. No início de trabalhos com determinadas linhas, como a do povo cigano ou do oriente, pode-se passar um defumador “doce” com a finalidade de atrair e facilitar as energias destas entidades. No catimbó o cachimbo é também um instrumento de defumação e preparação do ambiente. Pode-se usar fumos com ervas de limpeza para limpar a seção, como também pode-se colocar misturas “doces” para facilitar ou chamar a incorporação.

Os defumadores devem ter fórmulas adequadas a cada finalidade. Um pessoa experiente sabe fazer os seus e pode ter vários que são usados conforme o caso e, que combinam as ervas mais adequadas e as ervas que fazem parte do seu fundamento e de suas entidades, porque como eu disse a gente nunca faz isso sozinho.

Os defumadores devem ter fórmulas adequadas a cada finalidade. Um pessoa experiente sabe fazer os seus e pode ter vários que são usados conforme o caso e, que combinam as ervas mais adequadas e as ervas que fazem parte do seu fundamento e de suas entidades, porque como eu disse a gente nunca faz isso sozinho.

Um exemplo de protocolo de limpeza para defumar uma casa carregada e com presença de eguns, pode-se iniciar usando um primeiro defumador somente com saco-saco, ou na falta deste com palha-de-cana ou de bambu. Estes elementos são recomendados para se defumar dentro de casa, mas deve-se retirar as pessoas antes. Quando se vai defumar um local onde não moram pessoas ou o terreno de uma casa pode-se usar receitas como a seguinte:

- Palha de alho.

- Palha de cebola.

- Raspa de chifre de boi.

- Noz moscada.

- Assa-fétida.

- Folha de café,

- Grão de café torrado.

O alho é um elemento bom, mas pode ser contra axé de alguém da casa. Da mesma forma como a arruda. Assim os elementos que despertam kizilas devem ser usados com cuidado. A composição dos defumadores é um conhecimento que deve ser desenvolvido e aprendido. Eu não gosto daqueles defumadores de loja, mas em muitos casos podem ser usados como solução emergencial.

Para o segundo defumador de limpeza pode-se usar uma mistura como a seguinte:

- Alfazema;

- Erva doce;

- Alecrim;

- Salsaparrilha;

- Salvia;

- cravo.

O processo de defumação começa pelo portão onde a gente deve fazer nossas firmezas. Passa-se o primeiro defumador de limpeza.Adicionalmente, pode-se fazer isso acompanhado de uma pessoa que vai atrás da gente com uma quartinha de barro com Água,cruzando os cômodos com a gente. Ao fim, coloca-se os restos do defumador na rua e se joga a Água da quartinha em cima para apagar. Depois bate-se folhas nas paredes, (erva prata, arrufa, guiné, peregun, e outras). Passa-se o mesmo (ou outro) defumador pelo terreno, cruzando e fazendo o perímetro da casa. Passa-se o segundo defumador de limpeza, jogando as cinzas na rua.

Por fim, passa-se o defumador “doce” para alimentar o ambiente com nossa energia, sendo que se pode colocar ao fim alguma oferenda dentro de casa para estes espíritos bons.

Como parte da ultima etapa, pode-se jogar canjica cozida e fria no telhado e soprar na porta e terreno um atim feito de farinha de àkàsà e olho-de-boi que deve ser quebrado e moído até ficar um pós fino. Como o olho-de-boi é muito duro deve se ir quebrando-o até virar um pó branco. Faz-se assim, coloca-se um pouco da mistura na palma da mão direita e se sopra esta quantidade (formando uma pequena núvem) nas portas e nos cantos.

Outra prática com muito resultado é jogar uma mistura de água e sal, nas soleiras de portas e janelas, vai se jogando e rezandopara se fechar aqueles acessos para o mal. Existe também outra mistura que se faz com waji (um pó bem azul) e folhas de louro (a idade da pessoa +1).
Neste casos primeiro se ferve a Água, desliga o fogo, coloca as folhas de louro e abafa. Quando estiver frio coloca-se o waji. Joga-se isso nas soleiras das portas e portões.

Eu sempre recomendo que as pessoas da casa tomem um banho de erva (que deve ser preparado antes do início) depois do processo.

Para poder passar isso tudo é bom ter uma boa quantidade de carvão em brasa e ter vários tulíbulos, eu gosto dos de barro. Para que não se use o mesmo tulíbulo com defumadores diferentes e no caso de ambientes grande não se fique com muita cinza de defumador, o que acaba deixando um cheiro de fumaça no ambiente ao invés do cheiro de defumador. Um bom defumador é tão bomquanto acender uma vareta de incenso.

Lembre-se que nem sempre deve-se usar isso tudo. Uma defumação regular pode ser feita apenas com o defumador doce. Uma outra um pouco mais convencional, com o defumador de limpeza (principalmente pelo terreno) e pelo doce. Fumar o cachimbo pela casa toda e depois jogar fumaça ao contrário pela porta a fora é também um excelente defumador regular.
Concentração é um elemento muito importante neste trabalho. Assim deve-se rezar antes de inicia-lo pedindo a proteção dos seus mestres, deve cantar durante e deve-se encerrar com uma reza ou cantiga de agradecimento ou fechamento.

Enfim, a defumação é um processo litúrgico complexo e que é mais do que acender um “divino” num tulibulo de alumínio.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Osún



Yèyé òpàrà ! Obìnrin bí okùnrin ní Òsun A jí sèrí bí ègà. Yèyé olomi tútú. Opàrà òjò bíri kalee. Agbà obìnrin tí gbogbo ayé n'pe sìn. Ó bá Sònpònná jé pétékí. O bá alágbára ranyanga dìde.




Salve Jorge!




ORAÇÃO COM JUSTIÇA


O meu pai Ogum, eu lhe peço por minha causa.


Pois sei que como a árvore plantada junto a corrente d’água, no seu devido tempo o seu fruto será bem sucedido.


Louvo ao meu pai de todo o meu coração,


Guardai-me, porque no senhor eu confio.


Meu pai como tem crescido o número de meus adversários!


Protege-me, preserve a nossa casa.


Tu és a minha fortaleza, escutai as minhas orações.


Pois sabendo que está a minha escuta eu lhe peço.


Que todos que pedir por mim e pelos meus, saiba pedir!


Pois sempre irei rogar ao meu SANTO, que lhe de tudo em dobro.

QUE ASSIM SEJA.


Autor: Dawan D’ogum


quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Evolução umbandista

A Umbanda tem progredido e vai progredir. É preciso haver sinceridade, honestidade e eu previno sempre aos companheiros de muitos anos: a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo.

O perigo do médium homem é a consulente mulher; do médium mulher é o consulente homem. É preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores que procuram atacar as nossas casas fazem com que toque alguma coisa no coração da mulher que fala ao pai de terreiro, como no coração do homem que fala à mãe de terreiro. É preciso haver muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa. Umbanda é humildade, amor e caridade – esta a nossa bandeira.

Neste momento, meus irmãos, me rodeiam diversos espíritos que trabalham na Umbanda do Brasil: Caboclos de Oxossi, de Ogum, de Xangô. Eu, porém, sou da falange de Oxossi, meu pai, e não vim por acaso, trouxe uma ordem, uma missão. Meus irmãos: sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós; é preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas casas de Umbanda.

Meus irmãos: meu aparelho já está velho, com 80 anos a fazer, mas começou antes dos 18. Posso dizer que o ajudei a casar, para que não estivesse a dar cabeçadas, para que fosse um médium aproveitável e que, pela sua mediunidade, eu pudesse implantar a nossa Umbanda. A maior parte dos que trabalham na Umbanda, se não passaram por esta Tenda, passaram pelas que saíram desta Casa. Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao planeta Terra na humildade de uma manjedoura, não foi por acaso. Assim o Pai determinou. Podia ter procurado a casa de um potentado da época, mas foi escolher aquela que havia de ser sua mãe, este espírito que viria traçar à humanidade os passos para obter paz, saúde e felicidade.

Que o nascimento de Jesus, a humildade que Ele baixou à Terra, sirvam de exemplos, iluminando os vossos espíritos, tirando os escuros de maldade por pensamento ou práticas; que Deus perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares. Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja; não julgueis para não serdes julgados; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar. É dos Evangelhos.

Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou à Terra, mas amigo de todos, numa concentração perfeita dos companheiros que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos melhorados e curados, e a saúde para sempre em vossa matéria. Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e sempre serei o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas.

Mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas gravada pela senhora Lilia Ribeiro, diretora da Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade, no Rio de Janeiro, em 1971